Empresas que exigem 44 horas semanais conseguem reter seus funcionários?

Olá, amigos.

Há cerca de cinco anos, fui demitido de um escritório de advocacia no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde eu atuava como Desenvolvedor de Software. Naquela época, minha situação financeira não estava muito boa, e as oportunidades para as tecnologias com as quais eu trabalhava eram escassas. Surgiu então uma vaga em um distribuidor de material de construção localizado próximo à Pavuna (última estação do Metrô do Rio de Janeiro). Como resido nas proximidades do bairro da Tijuca (acessível de metro), aceitei participar do processo seletivo.

Durante a entrevista, não me senti muito confortável com o local. A empresa estava situada em uma área próxima a favelas, e haviam pessoas fazendo uso de substâncias ilícitas na própria calçada. A entrevista foi bastante simples, e ficou claro o interesse do empregador em concluir a contratação o quanto antes, já que eu só poderia começar em uma data específica. Entretanto, o que realmente me incomodou foi a jornada de trabalho: das 6h15 às 16h, totalizando 44 horas semanais, além do tempo de deslocamento significativo entre minha casa e o trabalho — aproximadamente uma hora e meia por trajeto, totalizando três horas diárias de deslocamento.

Com o tempo, comecei a me sentir extremamente desgastado física e psicologicamente. Percebi que não conseguiria permanecer naquela empresa por mais de seis meses e, assim, estabeleci a meta de encontrar algo melhor o quanto antes. Infelizmente, foi justamente nesse momento que surgiu a pandemia, e acabei "preso" na empresa enquanto muitas pessoas estavam sendo demitidas em outras companhias.

Assim que o mercado começou a dar sinais de recuperação, voltei a buscar novas oportunidades de emprego. No entanto, a maioria das vagas oferecia o regime de 44 horas semanais. Lembro-me de ter recebido uma proposta da Drogaria Venâncio, uma conhecida rede de farmácias aqui no Rio de Janeiro, com jornada de 44 horas, refeição no local e vale-transporte. Participei da entrevista, mas acabei recusando a oferta, pois já estava esgotado desse modelo de trabalho. Felizmente, pouco tempo depois, consegui sair de férias e, na sequência, encontrei uma oportunidade muito mais alinhada com minhas expectativas e qualidade de vida.

Hoje, diante de algumas incertezas no meu trabalho atual, tenho acompanhado o mercado de perto. Observo que há muitas discussões sobre a redução da jornada semanal, o modelo 100% home office e o formato híbrido.

Minha pergunta é: essas empresas que ainda exigem 44 horas semanais conseguem reter seus funcionários a médio e longo prazo, sem perdê-los para o mercado?
Afinal, agora elas estão competindo com empresas internacionais que contratam brasileiros para trabalhar remotamente. Sinceramente, meu maior receio é me ver novamente desempregado e precisar voltar a trabalhar nesse regime de 44 horas, que considero extremamente desgastante.